quarta-feira, 5 de julho de 2017
Austin rebaixa para ‘QG 4-’ o rating de Qualidade de Gestão da Área de Administração de Recursos da Gradual
A Austin Rating informa que, na presente data, rebaixou, de ‘QG 3-’ para ‘QG 4-’, o rating de Qualidade de Gestão da Área de Administração de Recursos da Gradual – Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários S/A (Gradual / Administradora). A perspectiva do rating é estável. Esta classificação não define de nenhuma forma o perfil de risco dos ativos administrados pela Empresa e não configura recomendação de investimento para todos os efeitos. São gestores e administradores de recursos que apresentam qualidade de gestão e administração e ambiente de controles regulares. O rebaixamento da classificação para ‘QG4-‘ está sustentado preponderantemente nos seguintes pontos: (i) Risco operacional: A Gradual foi advertida pela ANBIMA, conforme processo nº F008/2016, devido a inobservância de regras definidas pelo Código de Regulação e Melhores Práticas de Fundos de investimento, o qual a Administradora é signatária. No referido processo, foram apontadas diversas falhas, incluindo ausência de controles no que diz respeito à administração dos fundos, entre os quais a verificação de enquadramento, ausência de gerenciamento de riscos de liquidez adequados, investimentos contrários à política de investimento dos fundos, além de problemas relacionados à validação de condições de cessão de direitos creditórios. Em complemento, foram observados procedimentos inadequados para a contratação de terceiros, como gestores de fundos não aderentes aos códigos da ANBIMA; (ii) Conflito de interesses: Relacionado ao item anterior, em meados do primeiro semestre de 2016 houve uma emissão de debêntures da empresa ITS@ Integrated Technology Systems – Tecnologia para Instituições Financeiras S/A., a qual possui como sócio um diretor que mantém relação societária com a Gradual, Gabriel Paulo Gouvea de Freitas Júnior, mesmo que na condição de minoritário, caracterizando, portanto, situação de conflito de interesses entre as partes. Nesse contexto, a Austin Rating pondera a limitação nos procedimentos de controle e verificação dos ativos adquiridos pelos fundos administrados pela Gradual, uma vez que a aquisição desse ativo gerou questionamentos do gestor do fundo na ocasião do fato perante a CVM. Não obstante, a Administradora não informou e/ou emitiu qualquer comunicado da transação envolvendo parte relacionada realizada pelo fundo, de modo que os cotistas desse veículo de investimento não puderam avaliar os potenciais efeitos dessa operação tanto no que diz respeito ao risco envolvido quanto ao impacto na posição patrimonial; (iii) Ausência de diligência: No que diz respeito à aquisição das debêntures por um fundo administrado pela Gradual, o ativo foi adquirido sem cumprir algumas exigências estabelecidas por seu regulamento, entre os critérios não observados adequadamente estão a necessidade de rating mínimo, uma vez que a emissão possuía rating inferior ao permitido e a agência de classificação de risco não estava na relação de empresas aceitas pelo veículo de investimento. Na ocasião da aquisição, foi apresentado um relatório de rating com a classificação de risco adulterada, para que pudesse ser aceito pela política de investimentos do fundo; (iv) Limitada capacidade financeira: Nos últimos anos a Gradual tem apresentado prejuízos recorrentes, sendo que, até o primeiro semestre de 2016 (último período com demonstrações financeiras auditadas apresentadas), somavam R$ 13,1 milhões, enquanto o prejuízo apurado no primeiro semestre de 2016 havia sido de R$ 4,6 milhões. De acordo com informações do Banco Central do Brasil (BACEN), o balancete de 31/dez/16 da Gradual reportava prejuízo de R$ 1,5 milhão. O resultado entre receitas e despesas foi negativo em R$ 28,7 milhões, porém, devido a utilização de créditos tributários da ordem de R$ 27,1 milhões, foi possível reduzir o prejuízo do exercício. Ainda de acordo com estas informações, enquanto as receitas recuaram de R$ 26,3 milhões em dez/15 para R$ 22,1 milhões em dez/16, as despesas operacionais passaram de R$ 32,7 milhões para R$ 50,7 milhões no mesmo período, sendo que as despesas administrativas avançaram 30,8%, para R$ 37,0 milhões e outras despesas evoluíram 58,3%, para R$ 4,3 milhões. Cumpre destacar que ainda relacionado às despesas, a rubrica de provisionamento e ajustes patrimoniais passou de R$ 670,3 mil em 2015 para R$ 9,0 milhões em 2016; (v) Risco de descontinuidade: Relacionado ao item anterior, a limitada capacidade financeira da Administradora tendo em vista seu desempenho econômico-financeiro, eleva a necessidade de capitalização da empresa para satisfazer as exigências regulatórias. Nesse sentido, esta agência desconhece a capacidade financeira dos sócios da Gradual. Em complemento, este risco está potencializado pelo porte e abrangência da Gradual no mercado de capitais, sobretudo, atuando como corretora, custodiante e administradora, nesta última atividade, especificamente no segmento de FIDCs e FIPs; e (vi) Risco de imagem: Ao longo dos últimos meses foram publicadas matérias e reportagens relacionadas à Gradual CCTVM a qual é tratada de maneira negativa, com acusações graves, expondo a empresa demasiadamente. Essa agência entende que tal exposição prejudica a reputação da empresa e que associado a isso, a sanção imposta pela ANBIMA e processos no âmbito da BM&F, relacionados às atividades de corretora, apresentam potencial para limitar seu crescimento ou mesmo, reduzir o número de fundos e volume de ativos sob administração.
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